Emissões de gases: Como projetar o mundo depois da queda em 2020?
As emissões de gases em todo o mundo caíram dramaticamente durante boa parte do ano passado. Isso ocorreu em meio ao auge da pandemia, que forçou grande parte do mundo a uma paralisação recomendada pela OMS.
Segundo um estudo publicado no periódico Nature Climate Change, medidas de bloqueio destinadas à contenção da propagação do novo coronavírus causaram uma queda de 7% nas emissões de CO2 ao longo de 2020, indicando a maior queda já registrada em muito tempo.
No entanto, se os governos não priorizarem um investimento sustentável para impulsionar novamente as economias em dificuldade, o mundo irá presenciar uma forte recuperação nas emissões de gases, com consequências potencialmente catastróficas para o futuro do planeta.
Diante disso, é extremamente importante que governos e empresas de todo o mundo se preocupem em ter uma recuperação mais sustentável de suas economias, mas que isso não comprometa a saúde do planeta.
Com a pandemia, o mundo ficou “mais verde”!
Parece que, em alguns meses de pandemia, o mundo “se restaurou”, ficou mais “verde” e limpo, e os números comprovam isso. Em uma escala mundial, as emissões de gases, como o dióxido de carbono, caíram 17%, de acordo com estudo publicado na revista Nature Climate Change, como resultado das medidas de bloqueio implementadas para combater a transmissão da Covid-19.
Nos Estados Unidos, um dos países mais atingidos pela pandemia, a queda chegou a 31,6%. Na China, onde foram registrados os primeiros casos de coronavírus, as emissões de gases foram reduzidas em 24%.
Especificamente para o Brasil, no exercício de 2020, o estudo da Resenha Energética Brasileira, desenvolvido pelo Ministério de Minas e Energia, mostrou que a queda das emissões de Gases de Efeito Estufa ficou em 383 Mt CO2 eq., mostrando recuo de 5,5% sobre as emissões de 2019.
A poluição nos grandes centros ao redor do mundo (inclusive no Brasil) também diminuiu devido à quarentena, contudo, essa queda das emissões sem precedentes dos últimos 100 anos, provavelmente será apenas temporária.
Sendo assim, tanto para o Brasil quanto para todo o mundo, há a necessidade de que as mudanças na conquista de um planeta mais sustentável devam persistir no longo prazo e isso só será possível com a adoção de muitas medidas no âmbito mundial, essencialmente nas grandes cidades e indústrias.
É essencial que as emissões de gases se mantenham sob patamares menores
De fato, a pandemia representa um momento sombrio e sem precedentes para a sociedade moderna, com as vidas ceifadas pela pandemia mostrando que não temos o que celebrar.
Mas, se olharmos por outro lado, vemos que a Covid-19 fez mais pelo meio ambiente do que as últimas 25 COPs (Conference of the Parties), alertando o mundo sobre a importância do desenvolvimento sustentável, principalmente na geração de energia.
No entanto, para o caso específico do Brasil (e de boa parte do planeta), essa queda nas emissões de gases ocorrida em 2020 não mostra, necessariamente, que o Brasil está bem no quesito ambiental. Sendo assim, entidades, governos e empresas de todos os setores devem se perguntar:
– O que o Brasil está fazendo para promover a redução das emissões de carbono danosos ao meio ambiente, impedindo que eles sejam lançados à atmosfera?
– O que o Brasil está fazendo para reduzir a emissão de gases das fontes renováveis, como é o caso de usinas fotovoltaicas, usinas eólicas e principalmente geração energética relacionada à queima da biomassa por caldeiras?
Dessa forma, apenas as ações dos governos e os incentivos econômicos pós-crise influenciarão a poluição nas próximas décadas. No estudo britânico já citado, os autores escrevem que “as respostas sociais” não são capazes de zerar as emissões líquidas, “pois não refletem mudanças estruturais nos sistemas econômicos, de transporte ou de energia”.
Para isso, algumas estratégias no âmbito do Brasil são defendidas por especialistas em produção sustentável de energia. Umas são mais complexas e exigem altos investimentos, mas outras são mais simples e possíveis. Um exemplo é a possibilidade de maior uso de etanol e biodiesel em maior proporção em combustíveis fósseis.
A primeira dessas estratégias é o uso do etanol – caracterizado por emitir menos gases na atmosfera, tanto durante a fabricação deste combustível, quanto no uso – em uma maior proporção na gasolina. Também há a recomendação de aumento da proporção de uso do biodiesel na mistura do diesel.
Essas estratégias são bastante simples, mas são consideradas importantes. Elas conseguem reduzir a emissão de carbono na atmosfera provindos de combustíveis fósseis e aumentar a emissão de gases decorrentes de combustíveis renováveis, tornando essa proporção mais sustentável.
Aproveite este tema e entenda qual é a verdadeira participação do setor industrial nas emissões de gases no Brasil.