Evolução da Cogeração no Brasil e tendências para futuro
Recentemente publicamos aqui no blog da COONTROL um post bastante interessante. Nele discutimos como funciona a cogeração no Brasil, suas vantagens principais e o avanço tecnológico dentro do setor nos últimos anos.
Diante da importância desse assunto no atual contexto energético brasileiro e da sua relação com as práticas sustentáveis, muitas pessoas devem se perguntar como e quando a cogeração surgiu. Outras pessoas buscam informações sobre como esse setor estará daqui a alguns anos.
Para sanar essas dúvidas, fizemos este post. Nele falaremos mais sobre a evolução da cogeração de energia no Brasil e quais as tendências desse setor para o futuro.
Cogeração de energia: Um desafio há muito tempo
Na atualidade, a inserção da energia elétrica proveniente da cogeração do bagaço de cana-de-açúcar no sistema elétrico brasileiro representa um grande desafio.
De um lado sempre houve a necessidade de resolver problemas de natureza regulatória e econômica. Do outro os aspectos ligados à eficiência energética, modernização das indústrias, aproveitamento do potencial de geração e a escolha correta do tipo de máquina a ser utilizada ainda são fatores fundamentais para maior viabilidade do sistema de cogeração em usinas.
É importante lembrar que o desafio de viabilizar a cogeração não é de hoje, nem é uma exclusividade do Brasil.
A história da cogeração tem início na Europa durante o século XIX e, de certa forma, se deve em muito à invenção e utilização de geradores de eletricidade. Mas os primeiros sistemas de cogeração instalados pelo mundo aconteceram um pouco depois, durante a primeira década do século XX.
Recentemente, o setor energético tem vivenciado constantes crises e as centrais geradoras com grande sistema de geração de energia passaram a ser exigidas em novas condições de operação, porém elas começaram a dar sinais de vulnerabilidade, não suportando por completo o aumento da demanda de energia ocorrida com o crescimento do mercado consumidor.
Essa vulnerabilidade geração energética começou a criar novas oportunidades, possibilitando o avanço do sistema de geração distribuída, através dos quais os clientes finais (caso das usinas de cana-de-açúcar), utilizando fontes de energia primária disponível (biomassa e/ou gás natural), produzem, consomem e administram as suas necessidades de energia elétrica e térmica, além de poderem comercializar o excedente com outros setores.
Panorama atual da cogeração no Brasil
Segundo levantamento mensal da DataCogen, ligado à Cogen (Associação da Indústria de Cogeração de Energia) o Brasil chegou a marca de 18,5 GW de capacidade instalada de cogeração em operação comercial no mês de julho de 2019.
Dentro dessa capacidade instalada, a biomassa da cana-de-açúcar representa 62% de todo o segmento, seguido pelo gás natural, que aparece com 17% da fatia e pelo licor negro, que totaliza 14%. Outros quatro combustíveis completam essa capacidade de produção, como representado no gráfico abaixo.
Dados recentes da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME) apontam que o sistema de cogeração que faz uso da biomassa, é responsável por 8,2% da energia elétrica consumida no Brasil. Em escala mundial, a média gira em torno de 2,3%, mostrando o protagonismo do Brasil.
Mas, apesar de já estar estabelecida, o ritmo de expansão da capacidade de cogeração de energia a partir do bagaço da cana esteve bastante fraco no meio de 2018. No entanto, os últimos leilões de geração começam a apresentar um cenário mais previsível e rentável, o que poderá estimular uma retomada dos aportes, de acordo com analistas e executivos, como veremos a seguir.
As perspectivas futuras são animadoras
Nos últimos anos a cogeração a partir do bagaço de cana se manteve quase que estagnada, com baixíssimo crescimento. Isso foi reflexo da falta de incentivos nos últimos quatro a seis anos, quando praticamente não houve leilões direcionados para a fonte biomassa.
Mas, tudo indica que esse cenário começa a se inverter (mesmo que de forma ainda lenta), com o preço da energia no mercado livre passando a oferecer uma melhor remuneração, colaborando inclusive para fortalecer os balanços das usinas.
Por outro lado, especialistas acreditam que a cogeração de energia no Brasil a partir da biomassa de cana-de-açúcar tem potencial para crescer até 57% até 2030, principalmente em razão dos incentivos do RenovaBio, caracterizado como uma política de biocombustíveis que promete impulsionar o setor sucroenergético do país.
A expectativas indicam que o RenovaBio será um dos responsáveis por reverter anos de crise no setor sucroenergético, contribuindo para um aumento da produção de cana e da disponibilidade de biomassa que, consequentemente contribuirá com a elevação da cogeração no Brasil.
Para isso, segundo analistas é preciso aumentar a previsibilidade dentro do setor sucroenergético, fato esse que certamente contribuirá para a redução do custo final da operação do sistema para o consumidor.
Quer saber mais sobre a cogeração? Então veja como ela funciona em uma usina sucroalcooleira neste post.